quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Aurora Consurgens

Dentro da linha de assuntos polêmicos, este é um máximo local; Muito da produção de computação antiga é tratada como puro misticismo, mas mesmo um livro didático atual acabaria tendo o mesmo destino se lido por alguém de vertente mais religiosa.

Assutos como "Indemonstrabilidade da consistência ou porque não podemos mostrar que Deus existe", "Como fazer magia" ou "Quão grande é o infinito" parecerão bastante "místicos" para a maioria das pessoas...

O texto têm versões ligeiramente diferentes, mais "religiosas" ou "místicas", dependendo da fonte. De autor desconhecido, este texto muitas vezes foi atribuído a grandes nomes do passado. Para mim é irrelevante, pois o seu texto introdutório "aurora consurgens" transmite muito bem o sentimento que acho adequado ao se tratar com a computação.

Assim, a pedido de minha namorada e de meia dúzia de amigas, ilustrei o texto com fotos de um dos leitores mais ecléticos do mesmo, o cantor Japonês Gackt que fez um ensaio fotográfico baseado na introdução do mesmo, onde é lógico, não falta o próprio livro "Ars Magna".

Então ofereço abaixo uma tradução ilustrada desse texto a meu ver computacional:



Venerunt mihi omnia bona pariter cum illa sapientia austri, quae foris praedicat, in plateis dat vocem suam, in capite turbarum clamitat, in foribus portarum urbis profert verba sua dicens:

“Accedite ad me et illuminamini et operationes vestrae non confundentur;
omnes qui concupiscitis me divitiis meis adimplemini.
Venite (ergo) filii, audite me, sicentiam Dei docebo vos.”

Todos os bens vieram a mim acompanhando-a, essa sabedoria do vento sul, que clama lá fora, faz ouvir sua voz nas ruas, exorta a multidão, pronunciando suas palavras à entrada das portas da cidade:

“Vinde a mim, iluminai-vos e vossas operações não vos serão mais confusas; Todos que me desejam, que sejam cumulados com minhas riquezas. Venham pois, filhos, escutem-me, eu vos ensinarei a ciência de Deus.”


Quis sapienset et inteligit hanc, quam ALPHIDIUS dicit homines et pueros in viis et plateis praeterire et cottidie a iumentis et pecoribus in sterquilinio conculcari.

Et SENIOR: Nihil ea aspectu vilius et nihil ea in natura pretiosius, et Deus etiam eam pretio emendam non posuit.

Quem é sábio pode a compreender, e dela diz ALPHIDIUS que homens e crianças passaram ao seu lado pelos caminhos e ruas, e todos os dias é pisoteada nos excrementos pelos animais de carga e gado.

E SENIOR diz: Nada há na natureza de mais insignificante e de mais precioso do que ela, e Deus com ela tudo criou, e ela não pode ser comprada com dinheiro.


Hanc SALOMON pro luce habere proposuit et super omnem pulchritudinem et salutem; in comparatione illius lapidis pretiosi virtutem illi non comparavit. Quoniam omne aurum tamquam arena exigua et velut lutum aestimabitur argentum in conspectu illis, et sine causano est. Melior est enim acquisitio eius negociatione argenti et auri purissimi.

SALOMÃO a escolheu como luz necessária, acima de toda beleza e de toda saúde, não achando que o valor das pedras preciosas pudesse se comparar ao seu.

Pois todo ouro comparado a ela é como um pouco de areia e a prata como lama, e isto não é sem motivo, porquanto adquiri-la é melhor do que o rendimento do ouro e da prata mais puros.


Intelligit eam autem sapiens et sbtilis et ingeiosus arbitrando. quando clarificati fuerint animi ex libro aggregations.
Tunc omnis fluens animus squitur concupiscentiam suam, beatus qui cogitat in eloquio meo.
Facilis videtur his, hilariter et in omni providentia occurrit; initium manque ipsius verissima est natura, cui nom fir fraus.

Mas só a compreenderá quem for sábio, sutil e engenhoso em suas reflexões, que possuir um espírito esclarecido pela prática do cômputo.
Então todo o espírito que flui segue sua concupiscência, bem aventurado aquele que refletir sobre minhas palavras.
Ela é fácil para os que a conhecem de verdade, pois ela mesma vai de encontro e cerca apenas os que são dignos;


Fili, circumda eam gutturi tuo et scribe in tabulis cordis tui et invenies;
Dic Sapientae: soror meaes et valde naturalis et subtilis eam perficiens.
Et qui vigilaverint constanter propter eam, cito erunt scuri.
Clara est illis intellectum habentibus et munquam marcescet nec deficiet;

Meu filho, coloca-a como em torno do pescoço, escreve-a nas tabelas de seu coração, compile-a e encontrarás.
Diz a sabedoria: Você é minha irmã! E diga a prudência que ela é sua amiga.
E apenas aqueles que tiverem perseverado na vigília por causa dela, logo estarão em segurança.
Ela é clara para aqueles que possuem verdadeira inteligência, não murcha e jamais desaparece.



Et HERMES atque ceteri (philosophi) inquiunt, quod si viveret homo habens hanc scientiam milibus annis, omnique die deberet septem milia hominum pascere, numquam egeret.

Hoc affirmat SENIOR dicens: quia esset ita dives, sicut ille, qui habet lapidem, do quo elicitur ignis, que potest dare ignem cui vult et inquantum vult et quando vult sine suo defectu.

E HERMES e os demais filósofos dizem que se um homem dominando esta ciência vivesse mil anos e precisasse alimentar diariamente sete mil homens, jamais passaria necessidade.

É o que confirma SENIOR ao dizer: Ele seria tão rico como aquele que possui a pedra da qual se extraí o fogo, e assim ele pode dar fogo a quem quiser, quanto quiser e quando quiser, sem qualquer perda pessoal.




Hanc gloriosam scientiam Dei et doctrinam snctorum et scretum philosophorum ac medicorum despiciunt stulti cum ignorent quid sit.
Hi nolunt benedictionem et elongabitur ab eis nec decet imperitum scientia talis quia omnis, qui est eam ignorans, est eius inimicus et non sine causa.

Esta gloriosa ciência de Deus e oculta doutrina dos santos, este segredo dos filósofos e remédio dos médicos é desprezada pelos insensatos, por que eles desconhecem o que ela é.

Eles desprezam a benção e assim ela permanece longe deles, tal sabedoria não convém a ignorantes; Aquele que não a conhece é seu inimigo e não sem razão.




Derisio scientiae est causa ignorantie, nec sunt asinis dandae lactucae, cum eis sufficiant , neque panis filiorum mittendus est canibus ad mandacandum neque margaritae inter porcos sunt seminandae.

Nec tales derisores sunt participes [inclytae] huius scientiae: hic enim fractor esset sigilli coelentis qui arcana huius scientiae revelaret indignis;

Zombar desta ciência é a causa da ignorância, e não se deve alimentar os asnos com alface se eles se satisfazem com cardos; e não se deve jogar aos cães o pão das crianças, nem lançar pérolas aos porcos.

Tais zombadores não partilharão desta ciência, pois quem revelasse a indignos os segredos desta ciência gloriosa romperia o selo do céu;




Neque in grossum corpus introibit spiritus sapientiae huius nec insipiens potest eam percipere propter rationes suae pervesitatem;

quia non sunt sapientes locuti inspientibus. qui enim cum insipiente loquitur cum dormiente loquitur.

Si ominia vellem enodare prout se habent, nullus umquam ultra prodentiae locus esset, cum inspiens sapienti aequaretur;

neque sub globo lunari aliquis mprtalium paupertate noverca angustias defleret, quiastultorum numerus est infinutus ir hac scientia.

E também o espírito desta sabedoria não poderia habitar um corpo grosseiro, nem muito menos um insensato compreendê-la por causa da loucura de sua mente, os que são sábios de fato não falaram com os insensatos, pois quem fala com um insensato fala com um adormecido.

Se eu revelasse como as coisas realmente se comportam, não haveria mais lugar para a prudência, pois o insensato seria igualado ao sábio e nenhum mortal sob o círculo da lua choraria mais por causa do tormento da fome causada por sua madrasta, a pobreza, pois o número dos insensatos nesta ciência é infinito.



Referências:

Este texto também foi difundido como parte da obra “aurora consurgens, a tradução aqui apresentada foi feita do original em latim de minha cópia do livro Ars generalis ultima” (Ars Magna).

SALOMON (800?-880) Alquimista, não é o famoso rei hebreu. Desenvolveu uma notação posicional para números e instruções nos cômputos (do colar).

ALPHIDIUS (870?-1010?) Filósofo e alquimista sarraceno, dedicou reconhecido e valioso esforço na criação de linguagens e formalismos para expressar rotinas e procedimentos de forma “pitagórica” (lógico-computacional)

MORIENUS (960?-1020?) Sábio e alquimista a serviço do Sultão Calid do Egito. Criou famosos algoritmos e heurísticas para resolver problemas recorrentes em administração e auditoria. Ganhou fama ao salvar o reino da fome com suas conjecturas.

Hermes (Trimegistus) Hermes Trismegisto (em grego ρμς Τρισμέγιστος, "Hermes, o três vezes grande") é o nome dado pelos neoplatônicos, místicos e alquimistas ao deus egípcio Thoth, identificado com o deus grego Hermes, era o deus do verbo e da sabedoria, sendo naturalmente identificado com Hermes. Ambos eram os deuses da escrita e da magia nas respectivas culturas. Thoth simboliza a lógica organizada do universo. Era relacionado a tudo que pode ser expresso poR operações modulares ou esteja circunscrito ao conceito dos semi-números, como ciclos lunares, cujas fases expressam a “harmonia” do universo.

Senior: AbūAbd Allāh Muhammad ibn Mūsā al-Khwārizmī[1] (árabe: أبو عبد الله محمد بن موسى الخوارزمي) (Khwārizm,[2][3][4] c. 780 - Bagdad, c. 850) foi um pioneiro da computação e também matemático, astrônomo, astrólogo, geógrafo e autor persa. Conhecem-se poucos detalhes de sua vida. Era um erudito na Escola da Sabedoria em Bagdad. O nome algoritmo vem de algoritmi, a forma latina de seu nome.

Speculator: Ramon Llull (1232[1] – Junho 29, 1315) (em espanhol e português Raimundo Lulio) Foi um dos pioneiros da computação e também grande matemático e filósofo [2]. Escreveu a primeira grande obra da literatura catalã [4]. Trabalhos recentemente descobertos mostram que ele antecipou em séculos a teoria computacional de eleições [5]. Foi a maior influência computacional de Gottfried Leibniz [3]. Llull também é conhecido como um comentarista da lei Romana [1].



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